domingo, dezembro 23, 2007

Solstícios

Acabámos de passar, no hemisfério Norte, o solstício de Inverno. Ou seja, o ponto em que o Sol se encontra mais afastado do equador. Corresponde ao dia mais pequeno do ano e, inversamente, à noite mais longa [isto para os povos do nosso hemisfério, já que no Sul, acontece precisamente o contrário]. A partir de agora, os dias começam a crescer, até ao solstício de Verão, ou seja, até ao S. João.
Para assinalar estes momentos, quer o solstício de Verão quer o de Inverno, povos e culturas dotaram-se, ao longo dos tempos, de uma diversidade incrível de manifestações, de festas e de rituais. O Natal era, outrora, nas culturas ditas pagãs, a festa do Sol invencível, tendo-se tornado, com o Cristianismo, a festa do nascimento de Jesus, dado que, como escreve hoje Frei Bento Domingues, no Público, "para eles, o verdadeiro e invencível sol da vida é Jesus Cristo, começo de uma era nova".
O reverso do Natal é o S. João - a festa da luz e do calor, igualmente tempo de rituais e de festas. Como a de Sobrado. Se o Natal é a festa da promessa e da esperança (a natureza parece morta e, no entanto, carrega-se de vida), o S. João é a festa da explosão da vida e da exuberância.
Não é certamente por acaso que no solstício de Verão se tenha posicionado a festa do Santo Precursor, estabelecendo, assim, uma relação entre os dois momentos do ciclo astral e litúrgico.
É claro que a electricidade acabou, de certo modo, com a distinção do dia e da noite e o ar condicionado (para quem o tem) elimina as diferenças entre as estações. Os rituais não desapareceram, mas mudaram e continuam a mudar, de forma acelerada. Ainda assim, os ritmos sazonais continuam a pautar a vida de muita gente.
A partir de agora, sempre a crescer e a acelerar para o S. João.

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