Prosseguimos e terminamos a parte dedicada por Rodney Gallop à Festa de S. João de Sobrado, no seu livro, editado em 1936, "Portugal, a Book of Folk Ways":(...)
Falta explicar a batalha entre os dois exércitos. Foi dito atrás que entre as danças que cairam em desuso em Arcozelo da Serra havia uma que simulava um combate entre portugueses e espanhois. Um britânico há muito residente no Porto disse-me que na sua juventude não era de todo invulgar nas zonas rurais à volta da cidade encontrar grupos de mascarados a representar uma batalha entre Mouros e Cristãos. Tais simulacros de combate são também conhecidos noutros países. A Moreska da Damácia é um desses casos e tais batalhas são frequentemente o número principal das representações de danças mouriscas. A opinião local explica invariavelmente que tais danças surgiram para celebrar a vitória em guerras contra os Mouros. Mas é muito mais provável que elas se relacionem com batalhas rituais entre o Verão e o Inverno, de que um exemplo sobreviveu até um pouco mais de um século atrás tão perto de nós como a Ilha de Man, o que só pode ser explicado como um ritual agrícola de magia por simpatia, em ordem a assegurar o triunfo da vegatção sobre o definhamento.
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Notas do texto:
(1) São recebidos à porta do adro pelo sacristão, com uma caldeirinha de água benta que entrega a cada um dos reis juntamente com um ramo de oliveira com o qual estes últimos aspergem os seus homens ajoelhados.
(2) Apesar de ser linho, ele chama-lhe milho, sendo difícil de dizer se há algum significado especial por detrás desta troca.
(3) Na procissão do Corpus Christi de 1621, no Porto, "os pedreiros, canteiros e obreiros com o seu Rei e Estandarte davam uma dança, bem trajados, na forma de bugios, com instrumentos musicais que era costuma usar nessa dança" (Sousa Viterbo, Artes e Artistas em Portugal, p. 245). Vale a pena referir que Sobrado fica perto das minas/pedreiras de Valongo.
A procissão que se fez em Lisboa, em 1619, em honra de Filipe II de Portugal e III de Espanha incluiu danças em que actuaram bugios (macacos) e papagaios. O uso da palavra espanhola monos (macacos) no poema escrito por Francisco de Arce nessa ocasião confirma a tradução acima de bugios (cf op. cit. pp. 250-5)
(4) Vale a pena referir que nesta representação parece haver as duas danças cerimoniais distinguidas em Orchésographie the Morisque and the Bouffons ou Dança dos Loucos, de Arbeau (séc. XVIII).
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