Sobre a Festa de S. João de Sobrado - Valongo, Portugal
terça-feira, junho 23, 2015
Sabia que...? (curiosidades sobre o S. João de Sobrado)
A máscara do Velho da Bugiada não é sempre a mesma ao longo do dia da festa? É verdade: da parte da tarde a máscara alegre dá lugar à máscara dramática, para o combate, o assalto ao castelo e a prisão e libertação do Velho.
O Rodízio, que é parte da coreografia das danças dos Mourisqueiros também fazia parte das danças dos Bugios. Provavelmente pelo número dos participantes, essa parte só se realiza nos ensaios e não no dia da festa (o que quer dizer que, de algum modo, o ensaio é mais completo do que a própria festa)
Antigamente, era frequente haver Bugios que levavam urtigas para passar nas pernas das raparigas, quando as mulheres não usavam calças. O roubo de doces e não só, através da manipulação de sardões articulados, também era mais ou menos tolerado.
A mais antiga descrição que se conhece do S. João de Sobrado foi publicada em inglês, em 1936, e foi escrita por um diplomata e etnógrafo – Rodney Gallop - que deve ter visitado a festa por volta de 1930.
Esse autor descreve um pormenor hoje inexistente nas danças da Bugiada: por fora das filas de Bugios, dançava um mascarado vestido com uma roupa tipo fato macaco, a gozar com os que dançavam a sério.
Antes do 25 de Abril era proibido as mulheres irem de Bugio. Mas isso não impedia bastantes de se vestirem de tal modo que ninguém descobrisse (às vezes via-se bem, mas fazia-se vista grossa). O único problema é que não podiam ir ao jantar, por não ser fácil comer de máscara posta.
Há pessoas que vieram de propósito de Lisboa para ver o S. João de Sobrado, passaram pela noitada do Porto ejá não tiveram genica para dar um salto à Mouriscada e Bugiada.
Conta-se que no tempo da fome (ou seja, no tempo da guerra) uma família tinha muitos filhos e não tinha pão para lhes dar. O pai levava-os para o monte e punha-os a dançar a Bugiada … para lhes enganar a fome.
Os Mourisqueiros foram durante anos apresentados como os infiéis, os maus da fita. Mas, se assim é, porque são eles que levam os andores na procissão e não os cristãos?
As Entrajadas ou Críticas, que aparecem no 'jantar' e acompanham até ao fim das Danças de Entrada, são a única parte da festa que muda todos os anos e que ninguém controla, a não ser os próprios.
Nessas Entrajadas, tem havido anos em que se dão a conhecer casos e situações da vida real que, de outro modo, não veriam a luz do dia e que a máscara permite. É verdade que também já tem havido aproveitamentos abusivos.
A Festa só recentemente (17.5.2012) foi reconhecida como património cultural imaterial de interesse municipal, ainda que já fosse ela a determinar o feriado do Município de Valongo.
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