quinta-feira, junho 09, 2011

Em Sobrado, há uma guerra por ano, mas é terra pacífica

Há muito tempo, séculos, talvez, que Sobrado conhece pelo menos uma guerra por ano. Mete treinos, espadas, fardas, polainas, 'canhões', combates, tiros de rebentar os tímpanos, assaltos, aprisionamentos, toques de tambor, vítórias e derrotas. Tudo acontece no dia de S. João, a 24 de Junho, mas ao longo de todo o ano há planos de participação nos conflitos, alguma (por vezes muita) tensão no ar. E, no entanto, também se pode dizer que Sobrado não é uma terra violenta. É, pelo menos, em geral, tão pacífica como outra qualquer.
Será que a sua Festa de S. João, o dia maior desses combates rituais e simbólicos, acaba por ser a forma de os sobradenses 'evacuarem' (simbolicamente) a violência real das relações, que é inerentes à vida social? É, em certa medida, essa a tese do sociólogo e antropólogo António Custódio Gonçalves, que faz referência a esta Festa, num seu artigo datado de 1985, publicado na Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto / Geografia (vol. I), intitulado precisamente, "A simbolização da violência social". Transcreve-se aqui a parte (pág. 38) em que surge a referência a Sobrado:

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