quinta-feira, junho 12, 2014

Para um dicionário da Festa da Bugiada e Mouriscada (4)

Cuca Macuca - designação que toma a serra de Santa Justa, na lenda que está subjacente à Festa de S. João de Sobrado. A origem do nome não se encontra devidamente estudado. É conhecido quer do lado de Valongo quer do lado de Gondomar. Na serra de Cuca Macuca habitavan, segundo a lenda, os mouros, dedicando-se à extração de ouro.

Dança da Jaquina - Nome que se deu a uma manifestação da Festa, já desaparecida e que é ainda mal conhecida. Segundo o testemunho do sobradense Generoso Ferreira das Neves, esse número fazia-se nos anos 50, antes de ele emigrar para o Brasil e constava do seguinte: depois das danças de Entrada e antes da recolha dos direitos, um mascarado agarrado a uma figura vestida de mulher, de pernas para o ar, dava a volta ao Passal, fazendo o percurso comum a outras manifestações deste dia. O caracter erótico da cena terá originado tensões na comunidade e poderá ter estado na origem da sua extinção.

Dança de Entrada - Em rigor deve dizer-se Danças de Entrada, já que correspondem à apresentação
Velho da Bugiada - Dragonas sobre os ombros
sequencial quer dos Mourisqueiros dos Bugios, quer dos Bugios na zona principal da festa e têm passos distintos nuns e noutros. Têm lugar ao fim da manhã e partem da zona da capela das Alminhas. A Banda de S. Martinho de Campo conduz cada agrupamento até Campelo, após o que os Mourisqueiros são acompanhdos pelo rufar da caixa e os Bugios pelo toque da 'orquestra' de rabecas e violas, até junto da entrada do adro, onde os respetivos reis os abençoam com água benta.


Dança do Cego - Também conhecida por Sapateirada. Apesar do nome, não se trata de uma dança, mas de uma representação de cunho primitivo que põe em cena dois grupos de personagens: o Sapateiro, a sua Mulher (fiandeira) e o moço, e, do outro lado, o Cego e o seu Moço. Todos vão mascarados. O que é representado em diferentes sítios do Passal é, no essencial, o rapto da Mulher do Sapateiro por parte do Moço do Cego e a luta do visado por reaver aquela que ele se vangloriava de nunca o trair. O que mais chama a atenção, na Sapateirada, é o aspergir dos circunstantes com lama e excrementos e o jogo entre atores e espectadores uns por os sujar e os outros por lhes fugir. É uma das partes antropologicamente mais densas desta Festa.

Dança do Doce - Dança que Mourisqueiros e Bugios, por esta ordem e em separado,  executam no átrio da residência paroquial, a meio da tarde, após  o que o pároco é obrigado por tradição a dar um copo de vinho e um doce típico local a cada participante. Os Mourisqueiros dançam esta dança sem a barretina (provavelmente um vestígio decorrente do facto de, até há um pouco mais de uma década atrás, o espaço estar coberto por uma ramada que não dava altura suficiente para utilizar aquele elemento da indumentária).

Dança do SantoDança que Mourisqueiros e Bugios, por esta ordem e em separado,  executam em frente ao adro da igreja paroquial, ao fundo do Passal, ao fim do dia, após a Prisão e libertação do Velho da Bugiada.

Dança do SobreiroDança que Mourisqueiros e Bugios, por esta ordem e em separado,  executam depois das Danças de Entrada, ao cimo do Passal, do lado Sul. Todas as danças aqui referidas têm a mesma estrutura e morfologia, demorando cada agrupamento de 30 a 45 minutos.

Dragonas - Eram peças metálicas de uniformes militares de altas patentes colocadas sobre os ombros, das quais pendiam franjas de fios de seda ou ouro. Na Festa de S. João as dragonas integram o traje dos reis: do Reimoeiro e do Velho da Bugiada, conferindo-lhes autoridade e prestígio.

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