Escreve Manuel António Pina, na sua coluna do Jornal de Notícias: "O problema das máscaras é a sua força assimiladora, a sua capacidade para absorverem o rosto que sob elas se oculta até ao ponto de o histrião acabar por se confundir com ela e sob ela restar apenas o vazio (de personalidade ou, no caso da política, de ideias, hoje inteiramente substituídas por interesses)".
Certo.Mas a máscara sempre foi ambivalente. Ora disfarça (a identidade, o vazio, o medo) como transfigura e prenuncia (o ser novo, diferente, melhor). Em Sobrado como nutras paragens. Mas, hoje, não é improvável que, perdidos ou esvaziados os rituais transfiguradores, a máscara se confunda com a cara. Sem disfarces. Cara e careta: uma mesma coisa. Será assim?
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