quarta-feira, julho 28, 2010

Serpe doada à Associação da Casa do Bugio

A Serpe, que é o recurso com que os Bugios libertam o Velho da Bugiada do cativeiro, no dia de S. João, acaba de ser doada à Associação da Casa do Bugio.
A doação foi feita por António Pereira Soares, também conhecido localmente por Tone da Garota, encontrando-se aquele tipo de dragão já na posse da Associação.
A actual versão da Serpe foi construída ou, mais propriamente, reconstruída há umas boas dezenas de anos e, dada a dimensão do 'bicho' - uns quatro ou cinco metros de comprido -  sempre ficou guardada na oficina que a família de António Soares possui em Sobrado. Com as novas instalações da Casa do Bugio foi possível chegar à solução agora encontrada.

sexta-feira, julho 09, 2010

Delegação sobradense representa festa de S. João em Espanha

Cinco sobradenses - quatro representantes da Associação da Casa do Bugio e o presidente da Junta de Freguesia de Sobrado - constituem a delegação que representará a Festa de S. João de Sobrado no I Congresso Internacional de Embaixadas e Embaixadores da Festa de Mouros e Cristãos, que decorre na próxima semana, de 15 a 18, na cidade de Ontinyent, na Comunidade Valenciana, Espanha.
Este congresso, que reúne representantes e delegações das numerosas festas de Mouros e Cristãos que se realizam no território do Estado espanhol, mas também de Portugal e da América Latina.
Os representantes da Casa do Bugio apresentarão no Congresso uma comunicação intitulada "Bugiada e Mouriscada de Sobrado- Uma festa com passado, com presente e com futuro".
Além da comunicação ao congresso, a Festa de São João de Sobrado tem patente numa exposição alusiva a este tipo de festas de diversas partes do mundo, que foi inaugurada no passado dia 2, naquela cidade, fotografias de grande dimensão e um conjunto de trajes de Bugios e Mourisqueiros.
O Congresso é uma das iniciativas para assinalar os 150 anos da tomada de Tetuán pelas tropas espanholas e a gratidão mostrada pelo povo local à imagem de Cristo da Agonía por ter livrado a terra de uma prolongada seca, em pleno inverno. A rememoração desses acontecimentos militares e religiosos traduziu-se na instituição da tradição dos mouros e cristãos naquela localidade, ainda que já houvesse vestígios locais com afinidades, remontando a alguns séculos antes. Tradições análogas existem em diversas partes do mundo, especialmente Europa e América. Calcula-se um mais de um milhar o número dessas manifestações festivas, espalhadas por mais de duas dúzias de países. Nesta iniciativa de Ontinyent participam delegações de México, Guatemala, Peru, Portugal, Croácia e França, Filipinas e São Tomé e Príncipe.

terça-feira, julho 06, 2010

A generosidade do Sr. Generoso

O Sr Generoso Ferreira das Neves, que foi este ano juiz da festa de São João, presenteou a Comissão com uma oferta de 40 mil euros.
Este valor corresponde a um pouco mais de metade dos gastos contabilizados com a Festa de 2010. O gesto significa, por outro lado, uma manifestação de confiança na equipa que o acompanhou, conforme explicitamente afirmou, num jantar realizado antes de deixar o país, a caminho do Rio de Janeiro. E significa ainda um compromisso de Generoso Ferreira das Neves com as tarefas de consolidação do edifício da Casa do Bugio, a que aqui nos referimos nestes últimos dias, tornando-a um espaço mais seguro e acolhedor e capaz de preservar e promover a festa.
Recorde-se que o Sr Generoso é um sobradense apaixonado pela Bugiada e Mouriscada, que emigrou para o Brasil no final dos anos 50 do século passado à procura de uma vida melhor para si e para os seus. Tornou-se, entretanto, um homem rico o que terá contribuído para que um dos seus filhos tenha sido raptado e liberto apenas depois de a família ter anuído a pesadas exigências de seus raptores. Na aflição em que se viu, o Sr Generoso prometeu ir de juiz cada cinco anos e assim tem cumprido, estando normalmente presente em Sobrado todos os anos, pelo menos por altura da Festa de S. João.
Na última Assembleia Geral, realizada em finais de Abril, a Associação da Casa do Bugio deliberou atribuir-lhe o estatuto de Sócio Honorário.

Bugios venceram Mourisqueiros?

Numa notícia escrita sobre a Festa de São João de Sobrado deste ano, uma repórter do Jornal de Notícias escreveu um texto intitulado Bugios venceram Mourisqueiros.
Aparentemente, tem toda a razão. Mas eu gostaria de dizer porque é que discordo desta interpretação.
É verdade que, na narrativa da Bugiada e da Mouriscada de Sobrado, se desencadeia uma guerra, que os Mouriscos atacam e invadem o castelo dos Bugios, levam o Velho da Bugiada preso, saindo aparentemente vitoriosos da contenda.
É também verdade que os Bugios não se rendem à derrota, recorrem a um dragão de alguns metros de comprido, esverdeado e de língua vermelha, aparecem de rompante no caminho dos Mouros e libertam o Velho.
Por conseguinte, a jornalista do JN teria razão. Aparentemente assim é. Porquê?

- Se se tratasse de uma derrota dos Mouros, como compreender que eles, uma vez liberto o Velho e passada a corrida aparatosa da Bugiada se reorganizem e vão tranquilamente para a Dança do Santo, junto ao adro, como se nada se tivesse passado? Se eles fossem uns derrotados, deveriam eclipsar-se e não pôr mais os pés na festa. Mas não: eles continuam na festa, garbosos e organizados como sempre.
Eu proponho uma explicação: nesta festa, e ao contrário do que pretendia, há uns anos atrás, quem relatava a festa no Passal, durante a Prisão do Velho, os Bugios não são os bons e os Mouros não são os maus. De resto, o lado subversivo, orgiástico e excessivo desta festa é precisamente dos Bugios. Os mouros são os bem comportados, os organizados, os disciplinados, aqueles que, no dizer de um forasteiro, "andam muito direitinhos". Não é verdade que são os Mouriscos - e não os Bugios - que têm a honra e a dignidade para ir na procissão e transportar o andor dos santos - e particularmente o de S. João)? Se fossem os maus, como compreender esta situação?
Por isso, o que existe nesta festa não é a convencional e simplista versão da luta entre bons e maus, que termina invariavelmente com a derrota dos maus e a vitória dos bons. Há é uma representação do conflito entre a norma e a sua transgressão, entre o mesmo e o diferente. E esta tensão - que, em Sobrado, redunda em guerra - é uma tensão que não morre, que não é derrotada, porque a vida é feita deste diálogo, por vezes complicado, com a diferença, com os outros que são diferentes de nós, que vêm de fora. Chamam-se Mourisqueiros, como poderiam chamar-se outra coisa. Existem e têm muito a ensinar-nos (e vice-versa).
Por isso eu não acho que seja completamente verdadeiro, do ponto de vista interpretativo, o título do artigo do Jornal de Notícias.

segunda-feira, julho 05, 2010

Segurança da Casa do Bugio: a obra ainda por fazer

A Direcção da Associação da Casa do Bugio calcula em pelo menos 35 mil euros o custo das obras que ainda falta fazer, para que se possa considerar o edifício com os requisitos de segurança exigidos pelos estudos de engenharia oportunamente realizados.
Recorde-se que, há uns três anos, foram detectados vários problemas de abaulamento de vigas que levaram a Direcção a solicitar uma peritagem técnica ao edifício, Foram encontradas situações graves de vigas e placas sem os requisitos exigíveis e deficiências no respectivo assentamento.
Algumas medidas de emergência foram tomadas e as obras entretanto feitas, no valor de perto de 30 mil euros, permitiram começar a atenuar os problemas identificados.
As verbas aplicadas neste empreendimento têm sido conseguidas com lucros da festa e outras iniciativas de angariação. O prosseguimento das obras está agora dependente dos resultados financeiros da festa deste ano, que estão presentemente a ser apurados.

sábado, julho 03, 2010

Notas telegráficas


  • Os Bugios, no percurso que fazem entre a casa do Velho e o local do 'jantar', são brindados com música da marcha da dança de Entrada, por parte de habitantes locais que possuem essa música gravada. Vi isso acontecer em algumas ruas do Alto Vilar, nomeadamente.
  • Um miúdo Bugio que este ano subiu ao palco para se despedir do Velho e limpar-lhe as 'bagadas' no dia em que foi à loja para acertar a máscara e levar todo o equipamento para casa: na semana antes da festa, segundo a mãe, estava sempre a contar quantos dias faltavam para o dia 24. Comentário, na antevéspera: "Oh mãe, amanhã já só falta um dia!"
  • A aparelhagem sonora que a Comissão de Festas deste ano mandou instalar quer na Casa do Velho quer na Casa do Bugio permitiu que um muito maior número de Bugios pudesse dançar ao ritmo da música. Dada a dimensão da Bugiada, esta iniciativa revelou-se oportuna e útil.
  • Um Bugio apaixonado não pôde, este ano, 'matar a paixão', visto que se encontrava a recuperar de uma forte dor ciática. Ainda assim fez questão que a sua farda saísse, mas no corpo de outro Bugio.
  • Julgo que todos os Mourisqueiros se integram na procissão, no fim da missa de festa, transportando três dos andores, incluindo o de São João. Os que não pegam ao andor, colocam-se a seguir, para substituir os primeiros de tempos a tempos.
  • Houve um jornalista que tentou obter declarações em directo da parte do Reimoeiro, durante a Dança de Entrada. Este, porém, recusou-se, uma vez que a intromissão do repórter é considerada uma falta de respeito para com o momento solene da festa.
  • Uma criança familiar do Sr Generoso entusiasmou-se com os Bugios ao ver, ainda no Brasil, os trajes que estes usavam. Ao chegar a Sobrado e ao ver as duas formações a dançar, não teve dúvidas: passou a gostar mais dos Mourisqueiros.

sexta-feira, julho 02, 2010

Visitantes do Blog


O mês de Junho de cada ano regista invariavelmente um pico de visitas, que exprimem o interesse pela festa, quer da parte dos sobradenses quer de gente de fora a quem as Bugiadas e Mouriscadas dizem muito.
Este blog completou nas vésperas de S. João deste ano cinco anos de vida. Mas só começou a ter as visitas quantificadas cerca de um ano depois. Por conseguinte, o quadro que acima se mostra, que é relativo aos meses de Junho de cada ano até ao presente não contabiliza toda as visitas de Junho de 2006, visto que o software de medição foi instalado já perto da data da festa. Ainda assim, dá para ver o progresso contínuo das visitas. Deste ponto de vista, este ano representa o bater de uma ´serie de records: o dia mais frequentado (dia 23, com 244 visitas), a semana mais visitada, (com 1196 na semana em que calhou o S. João) e também o m~es de maior número de visitas (só visitantes únicos foram perto de 2800, quase um milhar a mais do que há um ano).