sexta-feira, dezembro 28, 2007

Referências aos franceses

Sob o título "Os franceses no Porto em 1809", escreveu Alfredo Alves em O Tripeiro (nº 2, 10 de Julho de 1908):
"Mal os granadeiros de Soult apareciam, as altas barretinas empenachadas, os cabelos em trança, as mochilas felpudas, as largas correias brancas, cruzadas sobre o peito (...)".
Não parece uma descrição quase perfeita dos trajes dos Mourisqueiros? Influências das Invasões Francesas? Um tema a explorar, quando se assinalam os 200 anos desses acontecimentos.

domingo, dezembro 23, 2007

O Velho da Bugiada

O Velho foto Fábio Dias
[Recorte sobre uma foto de Fábio Dias, do Blog do S. João de Sobrado, onde se podem apreciar outras fotos interessantes]

Solstícios

Acabámos de passar, no hemisfério Norte, o solstício de Inverno. Ou seja, o ponto em que o Sol se encontra mais afastado do equador. Corresponde ao dia mais pequeno do ano e, inversamente, à noite mais longa [isto para os povos do nosso hemisfério, já que no Sul, acontece precisamente o contrário]. A partir de agora, os dias começam a crescer, até ao solstício de Verão, ou seja, até ao S. João.
Para assinalar estes momentos, quer o solstício de Verão quer o de Inverno, povos e culturas dotaram-se, ao longo dos tempos, de uma diversidade incrível de manifestações, de festas e de rituais. O Natal era, outrora, nas culturas ditas pagãs, a festa do Sol invencível, tendo-se tornado, com o Cristianismo, a festa do nascimento de Jesus, dado que, como escreve hoje Frei Bento Domingues, no Público, "para eles, o verdadeiro e invencível sol da vida é Jesus Cristo, começo de uma era nova".
O reverso do Natal é o S. João - a festa da luz e do calor, igualmente tempo de rituais e de festas. Como a de Sobrado. Se o Natal é a festa da promessa e da esperança (a natureza parece morta e, no entanto, carrega-se de vida), o S. João é a festa da explosão da vida e da exuberância.
Não é certamente por acaso que no solstício de Verão se tenha posicionado a festa do Santo Precursor, estabelecendo, assim, uma relação entre os dois momentos do ciclo astral e litúrgico.
É claro que a electricidade acabou, de certo modo, com a distinção do dia e da noite e o ar condicionado (para quem o tem) elimina as diferenças entre as estações. Os rituais não desapareceram, mas mudaram e continuam a mudar, de forma acelerada. Ainda assim, os ritmos sazonais continuam a pautar a vida de muita gente.
A partir de agora, sempre a crescer e a acelerar para o S. João.

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Blogs sobre a Bugiada apostam na fotografia

Uma longa fase de hibernação tem caracterizado o blog Festa do S.João em Sobrado, caracterizado sobretudo pelo investimento na fotografia sobre a festa. Enquanto o seu autor, Nuno Queirós, anuncia a retomada da actividade para Janeiro, eis que surge um concorrente: Fábio Dias decidiu, em Outubro último, arrancar com Blog do S. João de Sobrado. A aposta é também na fotografia legendada. Vale a pena espreitar.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Informação sobre a festa em Inglês e Alemão

Os mais atentos terão reparado que inserimos, aqui na coluna da esquerda, links para sites que fornecem alguma informação (texto e imagem) sobre a Festa de S. João de Sobrado em Inglês e em Alemão, respectivamente. Pode ser útil para os visitantes fortuitos que não dominam o portugês e para que os sobradenses e outros interessados na festa possam enviar estas indicações a estrangeiros. Os emigrantes, por exemplo. Um dia destes, temos de falar da festa em francês.

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Máscaras

Escreve Manuel António Pina, na sua coluna do Jornal de Notícias: "O problema das máscaras é a sua força assimiladora, a sua capacidade para absorverem o rosto que sob elas se oculta até ao ponto de o histrião acabar por se confundir com ela e sob ela restar apenas o vazio (de personalidade ou, no caso da política, de ideias, hoje inteiramente substituídas por interesses)".
Certo.Mas a máscara sempre foi ambivalente. Ora disfarça (a identidade, o vazio, o medo) como transfigura e prenuncia (o ser novo, diferente, melhor). Em Sobrado como nutras paragens. Mas, hoje, não é improvável que, perdidos ou esvaziados os rituais transfiguradores, a máscara se confunda com a cara. Sem disfarces. Cara e careta: uma mesma coisa. Será assim?

quarta-feira, novembro 21, 2007

A Serpe de Sobrado

domingo, novembro 11, 2007

A propósito da Serpe

Photo Sharing and Video Hosting at Photobucket

Uma das facetas antropologicamente mais interessantes da Festa de S.João de Sobrado diz respeito àquele factor que acaba por ser decisivo no desfecho da luta entre Mourisqueiros e Bugios: a SERPE ou, como também se diz, por vezes, a Bicha.
O elemento reptiliano não se reduz a esse aspecto.No passado, mais do que hoje, era relativamente comum os Bugios levarem um Sardão (de facto assemelhava-se mais a uma cobra), munido de uma mola que, quando manipulada, permitia 'roubar' pequenas coisas, como doces, por exemplo. Mas a Serpe é indubitavelmente uma figura de capital importância e significado nesta festa. Ela surge como derradeiro recurso dos Bugios, esgotadas todas as outras vias. É sintomático que esse último recurso seja o do sobrenatural, do mítico, do fantástico, numa festa que, note-se, decorre sob a invocação de S. João.
Vem esta nota a propósito do sucesso que, por estes dias, está a fazer a exposição sobre "Criaturas Míticas", no Museu de História Natural de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. Sereias, Dragões, Ciclopes e Unicórnios têm vindo a atrair muitas dezenas de milhar de pessoas, seduzidas por esse lado extraordinário da cultura popular, que tem sido tematizado em obras contemporâneas(de cinema, de literatura, de música, de vídeo).
Quem quiser percorrer alguns aspectos do que é essa exposição pode viajar um pouco pelo respectivo site. Melhor ainda é dar um salto a Nova Iorque (!). O certame está patente até 6 de Janeiro de 2008.

Especificamente sobre dragões, o site da exposição remete para um outro sítio na Internet,onde se pode ler:

Creature: Dragon

ANCIENT LEGEND: More than a thousand years ago in Europe, people believed that giant fire-breathing dragons guarded hidden stashes of gold. "If some of that gold was stolen, the dragon would awaken and unleash fiery destruction on humans," says Kendall.

SCIENTIFIC EXPLANATION: People have long imagined dragons as being enormous, scaly beasts with huge teeth and claws. People believed so strongly in these lizardlike creatures that biologists in Europe once wrote accounts of the behavior and habitat of dragons in much the same way as they described that of lizards and snakes.

What may have advanced the legend of dragons? The imagined creatures look like close relatives of big animals like the Tyrannosaurus rex. Dinosaurs died out long before people were alive, but the discovery of dinosaur fossils, the mineralized remains or impressions of an organism, may have supported the ancient belief. When people dug up these fossils, they may have mistaken them for dragon remains.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Correcção do mail

Um leitor chamou-nos a atenção para o facto de o link para o endereço de correio electrónico não estar a funcionar. O problema foi já solucionado. Quem, além dos comentários, quiser enviar alguma mensagem não necessariamente para publicação, passa a dispor do endereço: casadobugio@gmail.com (link permanente na coluna da esquerda)

quinta-feira, julho 26, 2007

Será correcto o que se passou este ano na Prisão do Velho?



Será correcto interromper um ponto alto da festa, por razões que, ainda que a ela ligadas, são estranhas à 'solenidade' do momento?
O assunto deste apontamento prende-se com o que se passou na Prisão do Velho deste ano e que deveria fazer pensar todos os sobradenses que apreciam a festa de S. João. Não há memória de algo semelhante ter ocorrido no passado. Recordemos:
Como é hábito, quando Mourisqueiros e Bugios subiram aos respectivos castelos, um locutor pegou no microfone e começou a relatar a lenda que está por detrás da festa, através da instalação sonora instalada no Passal.
Até aqui, nada de especial. A dada altura, os 'canhões' começaram a troar de um lado e do outro, enquanto o cavaleiro 'corria as embaixadas'. Quando se acabou a pólvora no palanque dos Bugios, os Mouros atacaram e, à terceira tentativa, o Reimoeiro penetrou no reduto cristão, de ar duro e espada em riste. Como é de praxe, arrancou as bandeiras adversárias e passou-as aos seus guias.
E foi quando, pela instalação sonora, o locutor anunciou que se ia fazer uma pausa e começou a apelar ao Velho e ao Rei que suspendessem as movimentações, para todos ouvirem o que ele próprio, locutor, tinha para dizer. Disse e repetiu várias vezes o apelo, mas não foi ouvido; e a representação prosseguiu normalmente.
Para quem sabia que, na manhã do próprio dia de S. João, tinha ido a enterrar um prestigiado bugio sobradense - o Lindoro da Ribeira - não era difícil imaginar que a pretendida interrupção se destinava a homenageá-lo (isto apesar de já lhe ter sido prestada homenagem por Bugios e Mourisqueiros, no começo do 'jantar', a meio da manhã).
Ouviram-se pessoas a protestar por considerarem que aquele apelo era ali deslocado e até 'obsceno'. Alguém que me comentou esse caso comparou a situação com um desafio de futebol, em que, no momento em que um avançado corresse isolado para a baliza adversária, o árbitro tentasse parar o jogo para homenagear um jogador que tivesse falecido. É uma comparação discutível, mas que levanta um problema importante: num momento que poderíamos considerar sagrado, será legítimo alguém de 'fora da representação' ousar impor a suspensão do acto, mesmo em nome de um motivo nobre?
Deixo o assunto à consideração dos leitores.

sábado, julho 14, 2007

A festa de S. João e a batalha de Ponte Ferreira

Através do blogue Sobrado em Linha tive conhecimento da série de três trabalhos publicados pela Voz de Ermesinde, acerca dos acontecimentos ocorridos nas terras que hoje integram o município de Valongo, aquando das lutas entre liberais e miguelistas, em plena guerra civil (1832-1834).
E dei-me conta de um facto relevante que se expressa num número redondo: faz dentro de dias 175 anos que se deu a batalha de Ponte Ferreira, situada em S. Martinho de Campo, mas muito perto do extremo sul de Sobrado. Pelo referido estudo, ficamos a saber que a freguesia sobradense foi, por assim dizer, acampamento das tropas de D. Miguel. E isso faz vir à lembrança uma lenda sobre esses tempos, de que alguns mais velhos de Sobrado ainda se lembrarão.
Dizia-se, para provar como a festa de S.João é tão antiga e está tão entranhada na população local, que, tendo a batalha de Ponte Ferreira coincidido com o dia da festa, se ouviam no Passal os tiros dos canhões combatentes e que havia mesmo habitantes obrigados a abastecer em carros de bois as tropas de D. Miguel. Mas nem por isso a festa deixou de se fazer como nos demais anos.
Ora, se são certos os dados constantes da comunicação referida, essa lenda assenta em factos não verdadeiros. E isto porque a batalha de Ponte Ferreira não ocorreu em Junho, mas em Julho de 1832. Podia-se dizer que, sendo uma data próxima, seria provável que por alturas do S. João desse ano já houvesse hostilidades. Mas isso é pouco provável, já que o desembarque dos liberais em Pampelido só se verificou a 9 de Julho daquele ano.
Mas alguma relação haverá, para que o acontecimento tenha perdurado em associação com a memória desta festa.

Juiz da festa 2008

A festa de cada ano encerra com a entrega do ramo, simbolizando, nesse gesto, a passagem de testemunho da comissão 'velha' para o responsável da comissão nova. Este ano, a passagem fez-se para José Domingos Pereira Soares, que será, assim, o juiz da festa do próximo ano. A ele competirá escolher, dentro de certas regras, quem será o Reimoeiro e o Velho da Bugiada, em 2008.

domingo, julho 01, 2007

Lindoro da Ribeira: homenagem a um grande Bugio

Faz hoje oito dias que foi a enterrar aquele que era conhecido em Sobrado como o Lindoro da Ribeira, de seu nome Lindoro da Costa Dias. Ele, que não era grande em estatura, foi, reconhecidamente, um dos grandes Bugios das últimas décadas. Vivia essa pertença e essa identidade com intensa "paixão" .
O que mais se destaca neste Bugio de gema é a humildade. Em praticamente sessenta anos ininterruptos, teria por certo 'galões' para exibir, reivindicando, em algum ano, uma posição de mais destaque - Guia, Rabo ou, porque não, Velho. Nunca foi por aí. E contentava-se com coisa bem simbólica, mas grande nos códigos da festa: poder, cada ano, subir ao castelo, tomar conta e dar pólvora aos 'canhões' dos combatentes bugios.
Quiseram as circunstâncias que fosse a enterrar precisamente no dia de S. João. Precisamente no dia em que, já com mais de 70 anos, completaria 60 de ininterrupta participação na Bugiada. E foi a sepultar levado por Bugios. Como ele provavelmente teria gostado.
Há oito dias foi-lhe prestada singela homenagem, antes de se iniciar o almoço de Bugios e Mourisqueiros.
Era para ter sido lido nesse dia, através da instalação sonora do Passal, um texto de homenagem pública. Esse texto aqui fica (por gentileza de Manuel F. Pinto, seu familiar):

Texto de homenagem ao “Lindoro da Ribeira”

“Chegados a este momento, fazemos uma pequena pausa na nossa dissertação, pois queremos prestar uma justa e merecida homenagem a alguém muito especial – a alguém que fazia hoje 60 anos consecutivos de bugio e que só aqui não está neste momento fisicamente devido a uma grande e recente infelicidade. De facto, após uma curta mas grave e avassaladora doença que o impossibilita de aqui estar fisicamente, mas estando, concerteza, em espírito, esta grande figura do S. João de Sobrado e das Bugiadas: estamos a falar, naturalmente, de Lindoro da Costa Dias, mais comummente conhecido por “Lindoro da Ribeira”. Assim, num justo tributo à sua pessoa e a tudo o que o mesmo representa, gostaríamos que todos os presentes se associassem a nós e à nossa homenagem, e dessem uma grande salva de palmas em honra deste grande homem a quem Sobrado em geral, mas as Festas de S. João e as Bugiadas em especial, tanto devem e tanto vão ficar a dever".

sábado, junho 30, 2007

Três novos blogues sobre a festa de S. João


Nos últimos tempos, surgiram três blogues que pretendem dar destaque à festa maior da vila de Sobrado, Valongo.

Somos Mourisqueiros - Este blogue apresentou-se no princípio deste mês de Junho. É "dedicado a toda gente que tal como nós gosta do São João", ainda que para os seus autores "a Mouriscada é (...) o mais importante, contudo esta não faz sentido sem os Bugios e vice-versa. Acima de tudo, o blogue pretende ser "um ponto de encontro entre pessoas que tenham em comum o gosto por esta maravilhosa festa e queiram de alguma forma ser membros activos de uma discussão que urge começar". Desejamos que os autores não desanimem, visto que, depois do primeiro post, nada mais veio a lume. [Nota: é de saudar a intenção de recolher objectos e memórias relacionados com os Mourisqueiros; mas para isso era preciso indicar quem é o autor do blogue e introduzir ao menos um endereço de mail para contacto].

Festa do S. João em Sobrado - Este blogue surgiu hoje mesmo, para "
mostrar as recordaçoes de mais uma maravilhosa festa que se realiza todos os anos, em Sobrado, no dia 24 de Junho". É animado por Nuno Queirós. O primeiro post transcreve um artigo da Wikipedia sobre a Bugiada e Mouriscada [Nota: quando se transcreve um texto de outro sítio, deve-se indicar a fonte]. Desejamos-lhe longa vida e excelentes posts.

Sobrado em linha - Surgiu no final de Maio e é animado por Fábia Pinto, uma professora sobradense que vive e trabalha actualmente em Bragança. Não é especificamente sobre a Festa, antes pretende ser um espaço de informação sobre a terra. Mas é inevitavel que o S. João marque presença destacada neste espaço, como os posts de Junho eloquentemente demonstram.

terça-feira, junho 26, 2007

Vídeos da festa de 2007

Três curtos vídeos sobre a festa de S. João de Sobrado deste ano, da autoria de outros tantos autores foram colocados no YouTube. Um refere-se ao fogo de artifício, lançado a partir da torre da igreja matriz; os outros dois às Danças de Entrada dos Mourisqueiros e dos Bugios. Aqui ficam os links de acesso:







domingo, junho 24, 2007

Um dia especial para um bugio muito especial

A Festa de S. João de 2007 deixa registado um caso raro: o Sr Lindoro da Ribeira, quase de certeza o bugio mais antigo de Sobrado ainda em actividade, foi a sepultar precisamente no dia de S. João, precisamente no dia em que, se estivesse vivo, iria de bugio pela 60ª vez e levado à última morada por outros bugios devidamente fardados, embora sem máscara nem penacho.
Ao chegarem ao local do almoço, as muitas centenas de bugios prestaram sentida homenagem a este 'decano', com um minuto de silêncio, terminado com uma salva de palmas.
Não é habitual, em Sobrado, dizer como ouvi hoje dizer de Lindoro da Ribeira: "Morreu um bugio".

sábado, junho 23, 2007

Preparativos para a Festa

Já dei aqui a informação: a festa de S. João deste ano é organizada por um conjunto de 'jovens' que completam 50 anos em 2007. Os preparativos começaram há já bastante tempo. E, nos últimos dias, sucederam-se as 'noitadas' - as dos trabalhos preparatórios e as do divertimento. Alguns sinais destes dias:


Pela ordem das fotos:
Costurando uma capa de bugio

A grade que vai ser desfeita no ritual da sementeira

Pormenor da capa do Velho


A igreja paroquial iluminada para a festa

domingo, junho 10, 2007

Dia 21, no Passal: projecção do filme "Bugiadas"














Realiza-se no próximo dia 21, por volta das 22.30, ao ar livre, em pleno Passal, a projecção do filme "Bugiadas", do realizador Ângelo Peres (que durante muitos anos trabalhou nos estúdios do Monte da Virgem da RTP e hoje é professor do Curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho).
A iniciativa de projectar o filme ao ar livre surgiu na sequência da "memorável sessão" realizada no ano passado no Centro Cultura e Social de Sobrado, que despertou o interesse de imensas pessoas. Como este ano perfazem 30 anos sobre a edição da festa que foi objecto deste filme, este é um motivo acrescido de curiosidade: as actuais gerações poderão ver a festa e os seus protagonistas de 1977; os de então, que ainda vivem poderão ... matar saudades.
O filme tem a duração de 37 minutos. O original encontra-se depositado, por inicitaiva do realizador, no ANIM - Arquivo Nacional das Imagens em Movimento, e uma cópia em fita de cinema foi entregue à Casa do Bugio, passando a fazer parte do espólio desta Associação.

sábado, junho 09, 2007

Mais fotos para a memória da festa





Prosseguimos a divulgação de fotos antigas da Festa de S. João de Sobrado. Estas foram cedidas para digitalização por Ângelo da Bica. Têm, seguramente, mais de 50 anos. O Velho que nelas aparece é o falecido Augusto da Munha. Há uma senhora, em Sobrado, que é filha dele e tem a bonita idade de 85 anos.
Dois pontos curiosos que estas fotos revelam, ambas relacionadas com o Velho: em primeiro lugar, ele usa uma capa por cima do manto, o que não acontece hoje em dia. Por outro lado, ele surge a empulnhar um "canhão" no seu castelo, o que também não acontece actualmente (a não ser que tenha sido apenas pose para a fotografia).
Outro pormenor: o castelo dos Bugios parece ter umas guardas bastante mais baixas do que aquelas que costumamos ver no Passal.

(Obrigado à Fábia Pinto, do blogue Estórias da Minha Terra, pelo trabalho de digitalizar as fotos).

quarta-feira, junho 06, 2007

"Poder ser Bugio dá-me vaidade"

De uma mensagem recebida por este blogue, da autoria de José Carlos Costa:

"Olá a todos os Sobradenses.
Escreve-vos um sobradense com orgulho de o ser, de ter nascido nessa terra, terra de boas gentes.
Agora que vivo longe, mas ao mesmo tempo perto, vivo com mais intensidade a festa que se aproxima "S. João".
Continuar a poder ser Bugio dá-me vaidade e ao mesmo tempo o dever de manter esta tradição.
Quero pedir a todos vós, que intensifiquem a divulgação, para o exterior, da nossa tradição.
Sinto que pode crescer mais e mais o número de visitantes e turistas, á nossa terra.
Despeço-me com um enorme abraço para todos, em especial para um grande AMIGO - Sérgio Nuno Silva".

sexta-feira, junho 01, 2007

Ao som da 'caixa'

O bombo, ou a "caixa", como se diz em Sobrado, é um instrumento fundamental, nomeadamente porque sem ela não haveria danças dos Mourisqueiros. Nem nos ensaios, que estão, por estes dias, prestes a começar, ela pode estar ausente.
É por isso que vale a pena registar aqui a nota que escreve hoje no jornal "Público" sobre o bombo o jornalista Nuno Pacheco:

"(...) Mas voltando ao tambor: não é novidade que este terá sido o mais antigo instrumento musical conhecido. E também o que mais depressa alastrou por geografias e culturas. Há-os de todos os tamanhos e feitios, dos mais vetustos de civilizações antigas até aos mais modernos de simulações digitais. As suas batidas ressoam igualmente nos mais variados géneros musicais. E se a expressão bombo da festa lhe deve algum tributo (afinal é no bombo que, nas festas, mais se bate), o tocador de bombo tem, entre nós, um nome peculiar. A tentação seria chamar-lhe bombeiro, já que quem toca gaita é gaiteiro e quem toca tamboril é tamborileiro. Mas não: é zé-pereira. A origem etimológica não é certa, mas há quem assegure que esse foi o nome dado ao próprio bombo, que passou depois para o seu tocador. Talvez devido a essa velha mania lusitana de usar zés a torto e a direito, quando se trata de vulgarizar as coisas: zé-povinho, zé--cuecas, zé-quitólis, Zé-ninguém, zé-dos-anzóis, zé-faz-formas, zé-da-véstia, zé-goelas, por aí fora. Isto para designar gente chã, indistinta, sem importância. Tal epíteto assenta, contudo, mal ao bombo, que nunca perdeu valor, pelo contrário.(...)"

quarta-feira, maio 30, 2007

O 'lugar cativo' da Banda de Campo

A Banda de Música de S. Martinho de Campo (Valongo) tem há muito lugar cativo na Festa da Bugiada. Há mesmo quem ache que sem a sua presença específica a festa ficaria manca.
Parece não oferecer dúvidas que a Bugiada e Mouriscada são anteriores à Banda, o que quer dizer que houve tempos, longos, por certo, em que o acompanhamento musical se fez com os recursos musicais da terra - umas rabecas, umas violas ramaldeiras, um tambor e quejandos.
Há duas ou três semanas atrás, houve um médico de Vila Real, apaixonado por músicas de tradições populares, que aproveitou um ensaio da Banda de Campo para gravar as músicas que pertencem à festa de S. João. E como estivesse presente alguém de Sobrado, conhecedor do assunto, veio à baila um caso que terá ocorrido há cerca de meio século.
Em dado ano, que não foi possível precisar, a Comissão de Festas, ou porque estivesse abonada de nota ou por qualquer outro motivo, convidou não uma mas duas bandas para o S. João. Além da costumeira veio também a de Vilela, do vizinho concelho de Paredes. E na distribuição das tarefas calhou à de Vilela acompanhar a Dança de Entrada dos Bugios. E não é que os Bugios se recusaram a arrancar com a marcha, por entenderem que a música não estava tocada como devia ser?!

quarta-feira, maio 23, 2007

A Festa

"A Festa (...) É o momento em que um grupo ou colectividade projecta, simbolicamente, a sua representação do mundo e até filtra, metaforicamente, todas as suas tensões".

Michel Vovelle, Ideologias e Mentalidades.
S. Paulo, Brasiliense, 1987, pp. 246-247.

sexta-feira, maio 18, 2007

Fotos de Armando Moreira (Marco) (2ª Parte)

Prosseguimos a divulgação de trabalhos do foto-repórter Armando Moreira (Marco) relativos à Festa de S. João de Sobrado:




domingo, maio 13, 2007

Fotos de Armando Moreira (Marco) (1ª Parte)






As movimentações da preparação da festa estão a acelerar, à medida que se aproxima o 24 de Junho e, também por isso, é tempo de reanimar este blogue (ainda que o tempo seja escasso).
Inicio aqui a publicação de uma série de fotos da autoria de Armando Moreira (Marco), que foi, durante muitos anos, repórter do Jornal de Notícias. Captou-as em 1981, quando preparava os trabalhos fotográficos para publicar no livro que nós os dois publicamos em 1983, intitlado "Bugios e Mourisqueiros!".
Esta é uma forma de preservar uma parte do seu espólio sobre a festa e de homenagear este repórter que, volta e meia, continua a aparecer em Sobrado, no dia de S. João - prova de que a festa lhe ficou na alma.
(Legenda das fotos, pela ordem em que surgem: Lançamento de foguetes, nas traseiras da igreja paroquial; mourisqueiros na procissão; cena alegórica de S. João, na procissão; ofertas votivas; aguadeiro).

terça-feira, abril 10, 2007

O Rei dos Bugios e Dois Homens



Fabelesel

Caminhavam dois companheiros, tendo perdido o caminho, depois de terem andado muito, chegaram à terra dos Bugios. Foram logo logo levados ante o rei, que vendo-os lhes disse: - Na vossa terra, e nessa por onde vindes, que se disse de mim, e do meu reino? Respondeu um dos companheiros: - Dizem que sois rei grande, de gente sábia, e lustrosa. O outro, que era amigo de falar verdade, respondeu: - Toda vossa gente são bugios irracionais, forçado é que o rei também seja bugio. Como isto ouviu o rei, mandou que matassem a este, e ao primeiro fizessem mimos, e o tratassem muito bem.

(Esopo, Fábulas, vertidas do grego por Manuel Mendes) e há dias trancrito por J. Pacheco Pereira, no Abrupto

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Actualizado o post "Já há Velho e Reimoeiro"

Foram introduzidos comentários no post de 15 de Janeiro, intitulado Já há Velho e Reimoeiro. Colocam dois pontos a debate:

- O modo como surgiu a Comissão de Festas deste ano (constituída por aqueles que completam 50 anos em 2007) não deveria continuar, com esta ou outra solução, a fim de evitar que a tarefa caia sempre nos ombros de meia dúzia?

- Porque não incentivar mais a participação das mulheres na organização da festa, elas que são, Bugias em número significativo? Isso não iria enriquecer a festa e a participação de todos?

terça-feira, fevereiro 20, 2007

A máscara e o riso

A máscara:
Ocultação. Transfiguração. Capacitação. Esconjuro. Representação.

O riso:
Escárnio. Ridicularização. Maledicência. Alegria. Comunicação.

domingo, fevereiro 18, 2007

Bugios em festas privadas

Numa casa de Sobrado que fornece serviços de casamentos assisti ontem a um acontecimento inesperado: no momento do repasto, após os aperitivos, em que se serviu o primeiro prato, um bugio - de facto, uma bugia - irrompeu na sala, à frente dos empregados que se aprestavam para servir as mesas e ao som da marcha de S. João. Disseram-me que se tratava de uma inovação que se experimentava pela primeira vez, como forma de distinguir aquela casa sobradense de outra qualquer noutra parte do país (de facto, noutras quintas análogas, surgem muitas vezes, moças trajadas à moda minhota ou, como também se diz, vestidas com traje à vianesa).
Neste caso, a bugia, devidamente trajada e mascarada, esboçou uma dança ao som da música e recolheu de imediato, não voltando a aparecer.
Isto fez-me lembrar um "jantar" de festa, há muitos anos, em que, no final, alguém colocou num gravador de som uma cassete com a música da Bugiada. Era ver quase todos os comensais a levantar-se e a dançar também ao som da música.
Aos leitores deste blogue, em especial aos sobradenses, pergunto: que lhes parece este tipo de iniciatiavs e manifestações? Conhecem ou participaram noutras iniciativas parecidas?

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Máscaras transmontanas vão ter museu

No Jornal de Notícias de 8 de Fev. 2007:
"As máscaras tradicionais transmontanas vão passar a ter nova visibilidade este ano, com a abertura do Museu da Máscara e do Traje em Bragança, cuja inauguração está prevista para o próximo dia 24. Para o efeito foi recuperado um edifício na cidadela, cujas obras custaram 197 mil euros. No local vai ser possível ficar a conhecer um pouco mais as tradições ligadas à máscara, nomeadamente as Festas dos Rapazes, em que os caretos têm um papel fundamental. No entanto, o espaço terá também um ponto de venda de artesanato, trajes e mascaras tradicionais. O espaço museológico vai servir para a promoção da máscara das regiões de Bragança e Zamora. Ainda em Bragança vai ser criada a Academia da Máscara para promover eventos relacionados com a temática. As máscaras daquela região transfronteiriça vão passar a circular nos pacotes do açúcar Delta, até ao final do mês".


O mesmo jornal acrescenta ainda notícia de um outro facto, ainda relacionado com as máscaras transmontanas:
"A população de Podence, em Macedo de Cavaleiros, vai poder ver o filme que, há mais de 30 anos, contribuiu para o renascimento da tradição dos caretos, que esteve em risco de se perder. A exibição será na véspera de Carnaval, no próximo dia 19, altura em que a aldeia se transforma num imenso palco de animação e alegria com os caretos à solta. Trata-se do filme "Máscaras", realizado em 1975 por Noémia Delgado, e que é considerado pelo presidente do Grupo de Caretos de Podence, António Carneiro, um marco histórico para a localidade.

À época restavam apenas três trajes dos caretos, em fracas condições, a tradição estava na iminência de desaparecer. "Esse filme contribuiu para despertar os jovens para a tradição dos caretos, a juventude viu, gostou e interessou-se", recordou António Carneiro.

Espicaçados pelo documentário, os jovens da localidade meteram as mãos na máscara e fundaram aquele grupo, que saiu pela primeira vez para fora de portas em 1985, para fazer uma exibição em Coimbra. Deste então nunca mais parou. Os caretos de Podence são actualmente conhecidos internacionalmente, e no vasto currículo contam exibições em várias localidades de Espanha, no Carnaval de Nice (em França) e no Carnaval italiano.

Em Podence a tradição de confeccionar os fatos, feitos de lã colorida, ressuscitou, actualmente até os mais novos os sabem confeccionar. O mais difícil é conseguir a matéria-prima, uma vez que as colchas a partir dos quais são feitos, não são fáceis de encontrar. "Vamos procurá-las onde as há, até em aldeias vizinhas" admitiu António Carneiro.(...)"

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Já há Velho e Reimoeiro



A Comissão da Festa de 2007 já procedeu à escolha do Velho da Bugiada e do Reimoeiro. São eles, respectivamente, Joaquim Brito e Vitorino Oliveira. O primeiro tem a particularidade de ser "repetente" na função, o que já não acontecia desde inícios dos anos 90. Um dos motivos de ter sido escolhido prende-se com o facto de ser um dos que completam 50 anos durante o ano de 2007. De facto, e como tivemos já ocasião de referir, a edição deste ano da festa de S. João de Sobrado é organizada por um conjunto de sobradenses que têm em comum o facto de terem nascido em 1957 e que, por conseguinte, fazem este ano 50 anos.
[Na foto: as barretinas do rei mouro (Reimoeiro) e do Velho da Bugiada, os chefes, respectivamente, dos Mourisqueiros e dos Bugios]

domingo, janeiro 07, 2007

O Velho e os Guias

Os bugios são exóticos. Usam uns fatos multicolores que imitam o cetim, constituído por calça, casaco e uma capa, tudo debruado e garrido, com guizos dependurados pelo corpo. Na cabeça, levam chapéus encimados de penachos de fitas coloridas e, nas mãos, castanholas e uma diversidade de objectos que podem ir de bonecas a instrumentos agrícolas, passando por sardões, buzinas e outros recursos que a inventiva individual estimula. Importante: homens, mulheres, crianças (já que de bugio pode ir quem quer e pode) todos vão mascarados. Organizam-se sempre em duas filas paralelas, cada qual com o seu Guia, todos capitaneados pelo Velho, o qual tem uma indumentária diferente, que lhe dá um ar patriarcal. Quando a hora é de dança, os saltos são impressionantes e a algazarra indescritível.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

O espaço da festa

Através do Google.maps é hoje possível obter imagens aéreas como há pouco tempo só privilegiados conseguiam ter. Como esta da zona do Passal e áreas circundantes, onde se passa grande parte da Festa de S. João de Sobrado :






[desta imagem se pode dizer, com bastante grau de certeza, que foi colhida numa terça-feira e aí pelo mês de Maio. Porquê? Porque vê-se bem que é dia de feira e os campos da agra acabam de ser lavrados e semeados, provavelmente de milho. Pode ainda concluir-se que foi obtida antes de Junho de 2005, visto que o polémico re-arranjo da rotunda ainda não tinha sido iniciado.]