Pedro e a paixão pelo tambor

Tomem atenção a este miúdo, Pedro de seu nome. O seu grande sonho é pôr os Mourisqueiros a dançar ao som do tambor por si tocado. Há uns dois ou três anos que comecei a observá-lo. Quer nos ensaios, quer no dia da Festa, não larga o 'caixa' nem por um momento. Acompanha-o como se fosse a sua sombra. Põe os ouvidos à escuta. Memoriza os ritmos e as intensidades. E confidenciou-me alguém que sabe que ele está a ficar pronto para ser ele a executar a função. Claro, o corpo ainda não ajuda. O volume da caixa e a exigência da tarefa não é pera doce. Mas ele não desiste. Tem-na fisgada e vai fazer tudo por que chegue o seu dia. Os Mourisqueiros não podem ficar dependentes apenas de um tocador. Se algo lhe acontecesse no dia D, como se iriam desenrascar? Era bom que houvesse mais de um candidato ao lugar. Para além do Pedro, este ano já esteve para estrear um outro jovem. É preciso acarinhar todos os que se voluntariarem e tiverem jeito. Precisam de treinar com quem sabe e ir apurando a arte do toque, o particular de cada dança, o vigor, intensidade e dramatismo que os diferentes momentos requerem. Havemos de ter e Sobrado vários tocadores de caixa. Esse também é um caminho de salvaguarda da Festa.